Uma coisa que vim a descobrir ao longo do meu curso foi que os conceitos que usamos na Gestão, na Economia, no Marketing e na Publicidade aplicam-se muitas vezes à nossa vida.
Há duas semanas atrás uma amiga falava-me do "custo de oportunidade". Ou seja, ao fazermos uma determinada escolha, deixamos de lado as demais possibilidades. Ao caminho escolhido X associa-se o maior beneficio que perdemos quando não escolhemos o outro caminho Y.
O artigo que inseri hoje chegou às minhas mãos no início de Março de 2010. Quando vou almoçar sozinha levo sempre uma revista para me entreter - e já agora aprender qualquer coisa! Quando o li foi como um murro no estômago.
Este post é dedicado à Sofia L. e a todas as mulheres cuja vida tem andado num impasse, à espera de dias melhores.
"Desistir ao primeiro sinal de dificuldade não é inteligente. Mas prosseguir quando o jogo acabou também não o é." Ricardo Vargas in O Porco Voador.
O Porco Voador - por Ricardo Vargas na revista Executive Digest
A escrita, tal como a leitura, foram para mim sempre uma fuga, uma forma de evasão. Escrever serviu muitas vezes para exorcizar demónios; cartas nunca enviadas, diários com confissões de adolescente, folhas perdidas com histórias inventadas. Escrever foi também sempre um prazer, ao qual agora resolvi voltar.
domingo, 30 de maio de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Desconhecido
Tenho saudades do teu corpo
Que não conheço
Das tuas mãos
Que imagino
Da tua boca
Que morrerá num beijo
Junto com a minha,
Assim queira o destino.
Escrito em Março de 2003
By CMar
Que não conheço
Das tuas mãos
Que imagino
Da tua boca
Que morrerá num beijo
Junto com a minha,
Assim queira o destino.
Escrito em Março de 2003
By CMar
O Oficio - Casimiro de Brito
Porque hoje é sexta-feira...:-)
Escrevo para sentir nas veias
o voo da pedra.
Antecipação da paz
neste país de granadas
moldadas
no silêncio dos frutos.
Escrevo como quem escava
no bojo da sombra
um mar de claridade.
Pedras vivas de possibilidade
as palavras levantam
o crime, os pássaros do pântano
Escrevo
no grande espaço obscuro
que somos e nos inunda.
Casimiro de Brito, in "Jardins de Guerra"
Escrevo para sentir nas veias
o voo da pedra.
Antecipação da paz
neste país de granadas
moldadas
no silêncio dos frutos.
Escrevo como quem escava
no bojo da sombra
um mar de claridade.
Pedras vivas de possibilidade
as palavras levantam
o crime, os pássaros do pântano
Escrevo
no grande espaço obscuro
que somos e nos inunda.
Casimiro de Brito, in "Jardins de Guerra"
quarta-feira, 26 de maio de 2010
Magnolia - Wise Up
A minha música preferida, de um dos meus filmes preferidos. Fala de histórias de vida que se interligam e de pessoas completamente "estragadas", magoadas.
E como é que se magoa toda a gente à nossa volta? Como é que se diz que queremos ser felizes?
E como é que se magoa toda a gente à nossa volta? Como é que se diz que queremos ser felizes?
terça-feira, 25 de maio de 2010
Sem título, porque às vezes não há palavras...
Ontem à noite em conversa com uma amiga em que falámos sobre as formas de amar e a maneira como cada um se manifesta - porque somos todos diferentes - e há de facto quem tenha formas estranhas de dizer que gosta, ela contou-me a última ideia do ex-marido para a fazer voltar:
"Se voltares para mim, eu ofereço-te um BMW".
Acho que um dia vou reunir todas estas ideias luminosas num livro. Vai chamar-se :"Girls, run for your life!"
"Se voltares para mim, eu ofereço-te um BMW".
Acho que um dia vou reunir todas estas ideias luminosas num livro. Vai chamar-se :"Girls, run for your life!"
domingo, 23 de maio de 2010
Como tornar um pedido de casamento inesquecível...
Quando pedirem uma mulher em casamento, falem-lhe em beneficios fiscais no IRS e quando ela vos responder para não se esquecerem também de como será maravilhoso ter os adicionais 11 dias de férias extra, concordem com ela.
Não estranhem se ela desatar às gargalhadas. Esta é uma mulher com muito sentido de humor!
Não estranhem se ela desatar às gargalhadas. Esta é uma mulher com muito sentido de humor!
sábado, 22 de maio de 2010
A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón
Para a V. porque há algumas semanas atrás lhe falei desta passagem dum livro que desfolhei. E porque acho que a música que condiz com o texto é esta e ambas gostamos de Portishead.
"Ficámos calados por instantes, a ver o fogo faiscar.
- Ontem à noite, escrevi uma carta ao Pablo - disse Bea.
Engoli em seco.
- Ao teu namorado, o alferes? Para quê?
Bea extraiu um envelope do bolso da blusa e mostrou-mo. Estava fechado e selado.
- Na carta digo-lhe que quero que nos casemos quanto antes, dentro de um mês, se possível, e que quero sair de Barcelona para sempre.
Enfrentei o seu olhar impenetrável, quase a tremer.
- Por que me contas isso?
- Porque quero que me digas se tenho de a enviar ou não. Foi por isso que te fiz vir hoje aqui, Daniel.
Estudei o envelope que girava nas suas mãos como uma aposta de dados.
- Olha para mim - disse ela.
Ergui a vista e sustentei-lhe o olhar. Não soube responder. Bea baixou os olhos e afastou-se até ao extremo da galeria. Uma porta conduzia à balaustrada de mármore aberta ao pátio interior da casa. Observei a sua silhueta fundir-se na chuva. Fui atrás dela e detive-a, arrebatando-lhe o envelope das mãos. A chuva fustigava-lhe o rosto, varrendo as lágrimas e a raiva. Conduzi-a de novo ao interior do casarão e arrastei-a até à calidez da fogueira. Ela evitava o meu olhar. Peguei no envelope e entreguei-o às chamas . Contemplámos a carta a quebrar-se entre as brasas e as páginas a evaporarem-se em volutas de fumo azul, uma a uma. Abracei-a e senti o seu hálito na garganta.
- Não me deixes cair, Daniel - murmurou.
O homem mais sábio que alguma vez conheci, Fermín Romero de Torres, tinha-me explicado numa ocasião que não existia experiência comparável com a da primeira vez que se despe uma mulher. Sábio como era, não me tinha mentido, mas tão-pouco me contara toda a verdade. Nada me tinha dito daquele estranho tremelique das mãos que convertia cada botão, cada fecho éclair, em tarefa de titãs. Nada me tinha dito daquele feitiço de pele pálida e trémula, daquele primeiro roçagar de lábios nem daquela miragem que parecia arder em cada poro da pele. Nada me contara de tudo aquilo porque sabia que o milagre só sucedia uma vez e que, ao suceder, falava uma língua de segredos que, mal se desvendavam, fugiam para sempre."
Então? Fica-se ou não sem respiração? ;-)
"Ficámos calados por instantes, a ver o fogo faiscar.
- Ontem à noite, escrevi uma carta ao Pablo - disse Bea.
Engoli em seco.
- Ao teu namorado, o alferes? Para quê?
Bea extraiu um envelope do bolso da blusa e mostrou-mo. Estava fechado e selado.
- Na carta digo-lhe que quero que nos casemos quanto antes, dentro de um mês, se possível, e que quero sair de Barcelona para sempre.
Enfrentei o seu olhar impenetrável, quase a tremer.
- Por que me contas isso?
- Porque quero que me digas se tenho de a enviar ou não. Foi por isso que te fiz vir hoje aqui, Daniel.
Estudei o envelope que girava nas suas mãos como uma aposta de dados.
- Olha para mim - disse ela.
Ergui a vista e sustentei-lhe o olhar. Não soube responder. Bea baixou os olhos e afastou-se até ao extremo da galeria. Uma porta conduzia à balaustrada de mármore aberta ao pátio interior da casa. Observei a sua silhueta fundir-se na chuva. Fui atrás dela e detive-a, arrebatando-lhe o envelope das mãos. A chuva fustigava-lhe o rosto, varrendo as lágrimas e a raiva. Conduzi-a de novo ao interior do casarão e arrastei-a até à calidez da fogueira. Ela evitava o meu olhar. Peguei no envelope e entreguei-o às chamas . Contemplámos a carta a quebrar-se entre as brasas e as páginas a evaporarem-se em volutas de fumo azul, uma a uma. Abracei-a e senti o seu hálito na garganta.
- Não me deixes cair, Daniel - murmurou.
O homem mais sábio que alguma vez conheci, Fermín Romero de Torres, tinha-me explicado numa ocasião que não existia experiência comparável com a da primeira vez que se despe uma mulher. Sábio como era, não me tinha mentido, mas tão-pouco me contara toda a verdade. Nada me tinha dito daquele estranho tremelique das mãos que convertia cada botão, cada fecho éclair, em tarefa de titãs. Nada me tinha dito daquele feitiço de pele pálida e trémula, daquele primeiro roçagar de lábios nem daquela miragem que parecia arder em cada poro da pele. Nada me contara de tudo aquilo porque sabia que o milagre só sucedia uma vez e que, ao suceder, falava uma língua de segredos que, mal se desvendavam, fugiam para sempre."
Então? Fica-se ou não sem respiração? ;-)
sexta-feira, 21 de maio de 2010
George Gray - Edgar Lee Masters
O meu compromisso com a V. e o MB foi um poema por semana. Aliás, o MB hoje implorava por um poema. Anda um bocadinho traumatizado de não me ter ao lado dele.
Este foi o terceiro poema que lhes enviei. Tenho de colocar cá os anteriores, não sei quando.
Há muito, muitos anos atrás, ouvi este poema numa série de TV, não me lembro qual, mas gostei tanto dele que anotei umas linhas e posteriormente pesquisei-o na internet.
Foi escrito por Edgar Lee Masters ( nascido no Kansas em 1869) e faz parte duma antologia de epitáfios. Fala de alguém que depois de morto olha para o mármore que encomendou para a sua sepultura. Parece lúgubre, mas é de uma beleza extraordinária.
George Gray
I have studied many times
The marble which was chiseled for me
A boat with a furled sail at rest in a harbor.
In truth it pictures not my destination
But my life.
For love was offered me, and I shrank from its disillusionment;
Sorrow knocked at my door, but I was afraid
Ambition called to me, but I dreaded the chances.
Yet all the while I hungered for meaning in my life
And now I know that we must lift the sail
And catch the winds of destiny
Wherever they drive the boat.
To put meaning in one's life may end in madness,
But life without meaning is the torture
Of restlessness and vague desire
It is a boat longing for the sea and yet afraid.
Comentários sobre este poema aqui: http://www.americanpoems.com/poets/Edgar-Lee-Masters/15727/comments
Este foi o terceiro poema que lhes enviei. Tenho de colocar cá os anteriores, não sei quando.
Há muito, muitos anos atrás, ouvi este poema numa série de TV, não me lembro qual, mas gostei tanto dele que anotei umas linhas e posteriormente pesquisei-o na internet.
Foi escrito por Edgar Lee Masters ( nascido no Kansas em 1869) e faz parte duma antologia de epitáfios. Fala de alguém que depois de morto olha para o mármore que encomendou para a sua sepultura. Parece lúgubre, mas é de uma beleza extraordinária.
George Gray
I have studied many times
The marble which was chiseled for me
A boat with a furled sail at rest in a harbor.
In truth it pictures not my destination
But my life.
For love was offered me, and I shrank from its disillusionment;
Sorrow knocked at my door, but I was afraid
Ambition called to me, but I dreaded the chances.
Yet all the while I hungered for meaning in my life
And now I know that we must lift the sail
And catch the winds of destiny
Wherever they drive the boat.
To put meaning in one's life may end in madness,
But life without meaning is the torture
Of restlessness and vague desire
It is a boat longing for the sea and yet afraid.
Comentários sobre este poema aqui: http://www.americanpoems.com/poets/Edgar-Lee-Masters/15727/comments
terça-feira, 18 de maio de 2010
A doce Graça e os Pastéis de Cerveja
Quarta-feira passada tivemos visitas inesperadas de dois clientes. Os senhores a quem pagamos impostos, pediram socorro à hora de almoço. Lá fui eu a correr à loja falar com o senhor. Depois foi a visita da nossa Gracinha.
Por pura coincidência, liguei-lhe para confirmar a entrega duns equipamentos no dia seguinte, já que a função pública ia estar quase toda com tolerância de ponte e ela diz-me assim: "Sabe para onde é que eu estou a ir? Vou lanchar com vocês. Levo Pastéis de Cerveja."
Como é que é possível que ela se lembre destas coisas? A nossa menina Graça quando não nos manda Pastéis de Belém por estafeta (um dia em que conseguimos uma coisa que ela precisava muito),vem trazê-los pessoalmente porque quer conhecer as pessoas que trabalham com ela, ou então arranja Pastéis de Cerveja para trazer porque, já que precisa de ir à nossa loja e esses Pastéis nós ainda não conhecemos, junta o útil ao agradável.
E lá foi o trio maravilha fazer a visita guiada da sede - mérito do M.B. que eu e a V. já estavamos completamente perdidas naqueles corredores.
Estivemos mais de uma hora numa muito boa conversa e muitas gargalhadas, ficaram-me a doer as bochechas de tanto rir. Foi sem dúvida o melhor dia da semana. Aproveitei para lhe dizer pessoalmente que vou deixar de ser gestora do MDN. Primeiro ficou com um ar muito sério, e depois perguntou: "Então mas pode sair connosco na mesma, não é?" e ficou logo ali combinada uma rave nocturna para Junho, depois dos meus exames ;-).
Nuit Blanche
Nuit Blanche from Spy Films on Vimeo.
http://www.spyfilms.com - Nuit Blanche explores a fleeting moment between two strangers, revealing their brief connection in a hyper real fantasy. Watch the "Making of" here - http://www.vimeo.com/9076775
Directed by: Arev Manoukian
Cinematographer: Arev Manoukian
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Segunda vez em quatro dias, mesmo cruzamento.
Sim, já percebi a mensagem. Pronto, eu mudo de caminho.
domingo, 16 de maio de 2010
Neura e despesas...
O que é que uma mulher faz quando está com a neura? Compra sapatos. E foi o que eu fiz ontem. Ainda por cima com duas reuniões esta semana, uma na Marinha com aqueles homens de farda, altos e giros, assim pelo menos os pézinhos vão um mimo! E escuso de me pôr em bicos dos pés. Com estes saltos já chego ao 1,69m, o que também é um bom número. 169 centimetros. Até pareço maior.
E para completar o dia o que é que se faz quando se mora a 4 km da praia e a gasolina não pára de aumentar? Corre-se até lá. Faz bem aos pulmões, às pernas e ao bolso - só precisamos duns bons ténis.
E ainda por cima a nossa empresa até patrocina a T-shirt.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Estranho
Hoje, ficou em mim este vazio, que não sei explicar.
Hoje, quero música triste, sossego, e esquecer-me de mim.
Só hoje.
Amanhã, quando o meu corpo deslizar na água,
Lavo a alma, esqueço tudo, e sei que vou ficar bem.
Sinto-me como o George Clooney no anúncio da Nespresso... Só que eu não sei o que é que me tiraram, nem onde o ir buscar.
Um segundo
É o tempo que demora a mudar a nossa vida. Um pequeno segundo. E 50 cm. Acho que deve ter sido essa a distância a que fiquei da porta do idiota que se atravessou à minha frente num cruzamento hoje de manhã. Quando passo naquela estrada tenho sempre a sensação que estou a jogar à roleta russa com a minha vida. Por isso vou com o dobro da atenção e à noite até acabo por fazer outro percurso; torna-se ainda mais perigoso pela falta de visibilidade e pelo meu cansaço. Diariamente há ali marcas de acidentes, e já lá passei com carros espatifados dum lado e de outro e ambulâncias a prestar socorro. Por ser no meio de uma recta a tendência é acelerarmos por ali fora e há sempre alguém que se cansa de esperar no cruzamento e avança.
E eu que hoje tinha tanto para fazer... preparar a reunião de quarta-feira no sítio onde já se fez o dinheiro deste País, actualmente na penúria, uma acção de charme para quinta-feira aos senhores que tomam conta da bela costa portuguesa e tanta coisa planeada para o fim-de-semana, e não planeada para a minha vida, tanta coisa que ainda não fiz e que quero fazer!...
Quando cheguei ao trabalho ainda ia a tremer. Viva o meu sexto-sentido, o sangue-frio, e o ABS do meu carro. Uffa!...
E eu que hoje tinha tanto para fazer... preparar a reunião de quarta-feira no sítio onde já se fez o dinheiro deste País, actualmente na penúria, uma acção de charme para quinta-feira aos senhores que tomam conta da bela costa portuguesa e tanta coisa planeada para o fim-de-semana, e não planeada para a minha vida, tanta coisa que ainda não fiz e que quero fazer!...
Quando cheguei ao trabalho ainda ia a tremer. Viva o meu sexto-sentido, o sangue-frio, e o ABS do meu carro. Uffa!...
terça-feira, 11 de maio de 2010
@ Sala de Estudo a preparar trabalho de Publicidade
E a observar o comportamento de dois colegas apaixonados, que ainda não devem ter percebido que o estão.
É engraçada a necessidade que as pessoas tem de se tocar quando gostam uma da outra. Ou são as mãos que se tocam, ou que afastam um cabelo da face, um corpo que se inclina e ocupa mais espaço fisíco do que era suposto, o olhar que se demora mais do que o necessário...
A Rose já me está a dizer que se calhar os deviamos deixar sózinhos ;-)
É engraçada a necessidade que as pessoas tem de se tocar quando gostam uma da outra. Ou são as mãos que se tocam, ou que afastam um cabelo da face, um corpo que se inclina e ocupa mais espaço fisíco do que era suposto, o olhar que se demora mais do que o necessário...
A Rose já me está a dizer que se calhar os deviamos deixar sózinhos ;-)
domingo, 9 de maio de 2010
Sobre o trabalho, a escola e uma semana de alucinar...
Esta semana estive 3 dias em casa por causa de trabalhos da faculdade. Nesses dias sei que o MB e a V. sentiram a minha falta. Aliás bastou ver a cara deles de felicidade a dizer: "Voltáste!" e logo a seguir a V. a chamar-me "Traidora ranhosa" e outros mimos do género, e o MB. a perguntar: "Para a semana estás cá a semana toda?".
Sempre que falta um de nós, parece que a dinâmica do grupo fica desequilibrada, mesmo com a preciosa ajuda de outros colegas. Trabalhamos como peças de um puzzle que se completam. A minha equipa (com muito orgulho) revelou-se uma agradável caixinha de surpresas. O stress inato do MB - que só podia ser o gestor preferido dos senhores das ambulâncias - o sentido de humor da V. e a facilidade com que conquista o mais mal humorado dos clientes, são aquilo que torna o meu dia-a-dia laboral um pouco mais leve. Ainda por cima são pessoas cultas com quem dá gosto falar. Adorei aquela troca de poemas esta quinta-feira. Só por isso vos digo que é um prazer partilhar diariamente o meu open space convosco!
Na semana passada dizia eu aos meus colegas de faculdade que se sobrevivessemos a esta semana académica versus trabalho, metade do ano estava feito. Tinhamos 1 teste e 4 trabalhos para entregar, o último deles hoje, Domingo. E pronto, foi entregue 5 minutos depois do primeiro golo do Benfica. Depois foi voar para casa do mano mais velho, a tempo de sofrer com os últimos 12 minutos de jogo, sob o olhar impiedoso dos outros quatro sportinguistas da família. Até a mais pequena alinhou nas piadinhas mordazes. Mas a vingança serve-se fria e tiveram de ouvir o "We are the Champions" - várias vezes - enquanto eu e o meu irmão faziamos a festa.
Lisboa hoje à noite estava linda vestida de vermelho. Viam-se bandeiras, cachecóis, vi até uma carrinha vermelha com uma águia de esferovite enorme na parte de trás. A Praça de Espanha, Entrecampos, tudo cheio de carros, motas e gente, sempre com o vermelho presente. Sentia-se uma energia enorme no ar. Acho que os "meus" sapatos vermelhos foram um prenúncio da vitória do Benfica. Só por isso também devia ter estado naquele pódio.
Sempre que falta um de nós, parece que a dinâmica do grupo fica desequilibrada, mesmo com a preciosa ajuda de outros colegas. Trabalhamos como peças de um puzzle que se completam. A minha equipa (com muito orgulho) revelou-se uma agradável caixinha de surpresas. O stress inato do MB - que só podia ser o gestor preferido dos senhores das ambulâncias - o sentido de humor da V. e a facilidade com que conquista o mais mal humorado dos clientes, são aquilo que torna o meu dia-a-dia laboral um pouco mais leve. Ainda por cima são pessoas cultas com quem dá gosto falar. Adorei aquela troca de poemas esta quinta-feira. Só por isso vos digo que é um prazer partilhar diariamente o meu open space convosco!
Na semana passada dizia eu aos meus colegas de faculdade que se sobrevivessemos a esta semana académica versus trabalho, metade do ano estava feito. Tinhamos 1 teste e 4 trabalhos para entregar, o último deles hoje, Domingo. E pronto, foi entregue 5 minutos depois do primeiro golo do Benfica. Depois foi voar para casa do mano mais velho, a tempo de sofrer com os últimos 12 minutos de jogo, sob o olhar impiedoso dos outros quatro sportinguistas da família. Até a mais pequena alinhou nas piadinhas mordazes. Mas a vingança serve-se fria e tiveram de ouvir o "We are the Champions" - várias vezes - enquanto eu e o meu irmão faziamos a festa.
Lisboa hoje à noite estava linda vestida de vermelho. Viam-se bandeiras, cachecóis, vi até uma carrinha vermelha com uma águia de esferovite enorme na parte de trás. A Praça de Espanha, Entrecampos, tudo cheio de carros, motas e gente, sempre com o vermelho presente. Sentia-se uma energia enorme no ar. Acho que os "meus" sapatos vermelhos foram um prenúncio da vitória do Benfica. Só por isso também devia ter estado naquele pódio.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Sapatos Vermelhos
Hoje na hora de almoço senti-me a Rita Red Shoes.
Todos os sapatos de que gostei eram vermelhos.
Os meus primeiros sapatos vermelhos foram uns All Star. No inicio parecia que os ténis chegavam antes de mim a qualquer lado. A cor chamava demasiado a atenção. Depois habituei-me a usá-los e comecei a amá-los de paixão. Usei-os até literalmente se desfazerem.
No ano passado comprei uns sapatos vermelhos, entrançados à frente. Hoje senti-me tentada a comprar umas sandálias em camurça vermelha. Eram umas sandálias pump up da Zara, com uns saltos finos de pelo menos 10 cm. Ou seja, lindos de morrer no pé, a fazer qualquer perninha ficar com ar de Ginger Rogers e perfeitos para nos estamparmos ao comprido na maravilhosa calçada portuguesa. Mirei um outro modelito e também era vermelho, ou seja estou a começar a ficar sapatovermelhodependente.
Descobri até que há um filme dos anos 40 sobre sapatos vermelhos que conta a história duma mulher que tem de escolher entre a carreira ou o amor. Dramático. Acho que foi a derradeira tentativa de manter as mulheres em casa. "Estão a ver suas palermas? Saiam de casa para trabalhar e vão ver o que é vos acontece!".
Pois é, mas aqui estamos nós de saltos altos, prestes a dominar o Mundo.
Não deve ser por acaso que geralmente Afrodite é retratada nua mas em sandálias...Ah, e se ela tivesse calçadas umas lindas sandalinhas vermelhas… Será que o Mundo era um lugar diferente?
Todos os sapatos de que gostei eram vermelhos.
Os meus primeiros sapatos vermelhos foram uns All Star. No inicio parecia que os ténis chegavam antes de mim a qualquer lado. A cor chamava demasiado a atenção. Depois habituei-me a usá-los e comecei a amá-los de paixão. Usei-os até literalmente se desfazerem.
No ano passado comprei uns sapatos vermelhos, entrançados à frente. Hoje senti-me tentada a comprar umas sandálias em camurça vermelha. Eram umas sandálias pump up da Zara, com uns saltos finos de pelo menos 10 cm. Ou seja, lindos de morrer no pé, a fazer qualquer perninha ficar com ar de Ginger Rogers e perfeitos para nos estamparmos ao comprido na maravilhosa calçada portuguesa. Mirei um outro modelito e também era vermelho, ou seja estou a começar a ficar sapatovermelhodependente.
Descobri até que há um filme dos anos 40 sobre sapatos vermelhos que conta a história duma mulher que tem de escolher entre a carreira ou o amor. Dramático. Acho que foi a derradeira tentativa de manter as mulheres em casa. "Estão a ver suas palermas? Saiam de casa para trabalhar e vão ver o que é vos acontece!".
Pois é, mas aqui estamos nós de saltos altos, prestes a dominar o Mundo.
Não deve ser por acaso que geralmente Afrodite é retratada nua mas em sandálias...Ah, e se ela tivesse calçadas umas lindas sandalinhas vermelhas… Será que o Mundo era um lugar diferente?
quarta-feira, 5 de maio de 2010
Hoje é dia de Marca
Este ano, o desafio é criar uma marca. O professor Frederico d'Orey pediu para pensarmos numa necessidade não satisfeita; alguma coisa que achássemos que fizesse falta e não estivesse explorada. Andámos umas duas semanas a discutir o que seria, o que não seria. Pelo meio outros projectos e testes para fazer, o ritmo de cruzeiro do trabalho na GC, o tempo a passar...
E um dia, numa conversa sobre comida, e ir buscar comida ao Vasco da Gama para comer no trabalho e andar para lá e para cá, ou almoçar no VG porque a comida do refeitório era uma...bem, não era boa, fez-se luz!
Temos imensa comida ao nosso dispor, mas não temos comida saudável, não temos refeições equilibradas, com ingredientes frescos, com utilização de alimentos funcionais, que nos proporcionem os nutrientes de que precisamos para sermos saudáveis. E se alguém nos proporcionasse essas refeições e as fizesse chegar até nós? …Foi por aqui que começámos a desenvolver a nossa ideia.
A marca tem de despertar interesse no consumidor, de tal modo que este concretize a compra e volte a repeti-la. É uma forma de comunicarmos com o nosso público-alvo, de gerir ligações afectivas e benefícios emocionais.
Para atingirmos o nosso objectivo, fizemos uma análise estratégica da marca usando o modelo de Aacker, envolvendo os Clientes, a Concorrência e uma Auto-análise. Verificamos tendências de consumo, a importância da alimentação na qualidade de vida das pessoas, o movimento Slow Food, o aumento da procura de refeições saudáveis versus o tempo curto que temos para as preparar.
Preocupámo-nos com as motivações para o consumo. Foi um trabalho de investigação aliciante. A verdade é que se comermos de forma equilibrada, escusamos de pensar em dietas e podemos mesmo prevenir algumas doenças. Tendo em conta o que se gasta em cuidados de saúde com a obesidade e as suas consequências, se o próximo governo apostasse na Educação Alimentar nas escolas seria um investimento vantajoso no futuro da nação. Mas isso é tema para outro post.
E é hoje que apresentamos o nosso conceito, a nossa marca. Ficou tão bonito e tenho tanto orgulho da marca que criámos. A apresentação está muito boa, a Rose tem um sentido estético fabuloso. Eu e o Nuno é mais texto e análise, os três complementamo-nos. A expectativa que tenho sobre este trabalho é tão alta que tenho medo de ficar decepcionada se o professor não partilhar do nosso entusiasmo. Talvez estejamos a ser demasiado ambiciosos.De qualquer modo vale pelo processo de aprendizagem, pelo conhecimento ganho.
No ano passado quando tivemos de pensar num evento para lançar o LG Prada II e idealizá-lo do início ao fim foi uma dor de cabeça, mas todo o trabalho que tivemos valeu a pena, rendeu um 17. Foi uma sensação de Missão Cumprida! Valeram a pena as noites mal dormidas, as horas de almoço encurtadas, os fins-de-semana só a sentir o cheiro do mar...Foi preciso força de vontade, capacidade de trabalho e um espírito de entreajuda muito grande. Nessa altura eramos eu e a Rose, uma a incentivar a outra nos momentos de maior fraqueza. Somos uma boa equipa. Nunca vou esquecer o local mágico que escolhemos para a realização da festa VIP LG Prada II: Farol Design Hotel. Faz-me sonhar :-)
E um dia, numa conversa sobre comida, e ir buscar comida ao Vasco da Gama para comer no trabalho e andar para lá e para cá, ou almoçar no VG porque a comida do refeitório era uma...bem, não era boa, fez-se luz!
Temos imensa comida ao nosso dispor, mas não temos comida saudável, não temos refeições equilibradas, com ingredientes frescos, com utilização de alimentos funcionais, que nos proporcionem os nutrientes de que precisamos para sermos saudáveis. E se alguém nos proporcionasse essas refeições e as fizesse chegar até nós? …Foi por aqui que começámos a desenvolver a nossa ideia.
A marca tem de despertar interesse no consumidor, de tal modo que este concretize a compra e volte a repeti-la. É uma forma de comunicarmos com o nosso público-alvo, de gerir ligações afectivas e benefícios emocionais.
Para atingirmos o nosso objectivo, fizemos uma análise estratégica da marca usando o modelo de Aacker, envolvendo os Clientes, a Concorrência e uma Auto-análise. Verificamos tendências de consumo, a importância da alimentação na qualidade de vida das pessoas, o movimento Slow Food, o aumento da procura de refeições saudáveis versus o tempo curto que temos para as preparar.
Preocupámo-nos com as motivações para o consumo. Foi um trabalho de investigação aliciante. A verdade é que se comermos de forma equilibrada, escusamos de pensar em dietas e podemos mesmo prevenir algumas doenças. Tendo em conta o que se gasta em cuidados de saúde com a obesidade e as suas consequências, se o próximo governo apostasse na Educação Alimentar nas escolas seria um investimento vantajoso no futuro da nação. Mas isso é tema para outro post.
E é hoje que apresentamos o nosso conceito, a nossa marca. Ficou tão bonito e tenho tanto orgulho da marca que criámos. A apresentação está muito boa, a Rose tem um sentido estético fabuloso. Eu e o Nuno é mais texto e análise, os três complementamo-nos. A expectativa que tenho sobre este trabalho é tão alta que tenho medo de ficar decepcionada se o professor não partilhar do nosso entusiasmo. Talvez estejamos a ser demasiado ambiciosos.De qualquer modo vale pelo processo de aprendizagem, pelo conhecimento ganho.
No ano passado quando tivemos de pensar num evento para lançar o LG Prada II e idealizá-lo do início ao fim foi uma dor de cabeça, mas todo o trabalho que tivemos valeu a pena, rendeu um 17. Foi uma sensação de Missão Cumprida! Valeram a pena as noites mal dormidas, as horas de almoço encurtadas, os fins-de-semana só a sentir o cheiro do mar...Foi preciso força de vontade, capacidade de trabalho e um espírito de entreajuda muito grande. Nessa altura eramos eu e a Rose, uma a incentivar a outra nos momentos de maior fraqueza. Somos uma boa equipa. Nunca vou esquecer o local mágico que escolhemos para a realização da festa VIP LG Prada II: Farol Design Hotel. Faz-me sonhar :-)
terça-feira, 4 de maio de 2010
Um dia dancei com o meu cão
Este texto foi escrito em Julho de 2006, altura em que pela primeira vez me apercebi que o meu cão doido estava a envelhecer e que em breve iria deixar de ter a sua companhia. Viria a morrer a 10 de Dezembro de 2007. Três dias depois, sim, dia 13 (só não era sexta-feira), atropelei um gato o que transformou esse malfadado mês de Dezembro no mês mais horribilis de 2007 e arredores.Enfim...
O meu cão tem 11 anos. Ofereceram-mo no dia do meu 23º aniversário. O seu nome é Spooky.
Foi baptizado assim em honra do filme “A máscara” com Jim Carrey. Cada vez que o personagem dele se transformava e dizia : “Spooky!”, eu soltava sonoras gargalhadas, e foi mesmo sem saber na altura o que a palavra significava, que baptizei o meu cão. Adorava o som que saia da boca do actor, a forma como ele o dizia, o exuberante personagem verde de chapéu amarelo em que ele se transformava, a dança que fazia com aquelas coisas barulhentas na mão. Tchi-tchi-kibum, tchi-tchi-kibum, tchi-tchi-kibum!
Certa vez, ao som dessa música do filme dancei com o meu cão. É verdade. Pus o som alto, sai para a varanda de casa dos meus pais, levantei-lhe as patas da frente que apoiei nos meus ombros e dancei com ele. Muitas vezes revejo aquela cena, aquele focinho negro espantado e os olhos brilhantes de quem adora uma boa brincadeira. E a minha mãe a dizer :”Deixa o cão em paz, que o pões doido! Aí que maluca és valha-me Deus!”.
Agora aqueles lindos olhos, castanhos, brilhantes, esses olhos estão enevoados. As cataratas instalaram-se e talvez tenha chegado a hora de os deixar partir. Cada vez que olho para ele, para o olhar perdido, o andar meio trôpego, é isso que penso:”Chegou ou não a hora de te deixar partir, cão? Tens de me dizer… Não quero que sofras, não quero prolongar-te o sofrimento por ignorância ou egoísmo.” E vou dizendo para mim a palavra “eutanásia”, “eutanásia”, a ver se me habituo a ela. A ver se o hábito diminui a dor.
O meu cão tinha um olhar feliz. Eu sei. Já vi animais maltratados, aterrorizados, angustiados, encolhidos com medo duma mão que se estende para dar uma festa. O meu cão nunca se encolheu com uma mão estendida. É um animal confiante. Sabe que atrás da mão vem uma festa, uma escovadela no pêlo longo, uma carícia no focinho, uma palmada no peito, uma coçadela debaixo das orelhas mesmo como ele gosta.
O meu cão sabe. E é por isso que me custa ser agora eu a mão dos remédios, das injecções. Mesmo assim hoje apoiou a pata em cima da minha perna, só para me tocar e ficou quietinho enquanto lhe injectava a cortisona.
Hoje parece-me que os 11 anos com ele passaram demasiado rápido, que precisávamos de um bocadinho mais de tempo. Tempo para as corridas, para o salto ao eixo. Essa era a brincadeira preferida dele, passar por baixo das minhas pernas, fintar-me, ladrar a desafiar-me; o focinho quase colado ao chão, patas traseiras esticadas, o corpo posicionado como a rampa de lançamento de um foguetão.
Não era fácil pular por cima de 45kg de cão, mas eu nunca resistia à brincadeira e ele sabia. Difícil era convencê-lo a deixar-me trocar a roupa do trabalho pelo fato de treino. Ficava a chorar à porta, a reclamar até eu voltar para a nossa festa. Parecia que ele achava que aquele tempo em que eu desaparecia para trocar de fato, aquele tempo era precioso demais para nós. Era menos tempo de brincadeira, menos tempo com ele.
O meu cão envelheceu de repente. Um pouco à bruta, desajeitadamente, como quando entrava na sala e encalhava na mobília, confrontou-me com a verdade. Um dia sei que vou ter de o deixar partir. Sei também que esse dia se aproxima. E eu não queria, e apetece-me fazer como os putos mimados no supermercado: atirar-me para o chão, berrar, estrebuchar e dizer que não quero. Ouviste Pai?... Não quero!... E podia ser que com uma birra bem grande me deixassem ficar com o meu amigo, com o meu cão… Podia ser que as horas parassem e os dias não passassem e eu pudesse ficar com ele só mais um bocadinho, só o suficiente para mais uma dança de brincadeira, uma dança que durasse a eternidade…
Escrito a 06-07-2006
O meu cão tem 11 anos. Ofereceram-mo no dia do meu 23º aniversário. O seu nome é Spooky.
Foi baptizado assim em honra do filme “A máscara” com Jim Carrey. Cada vez que o personagem dele se transformava e dizia : “Spooky!”, eu soltava sonoras gargalhadas, e foi mesmo sem saber na altura o que a palavra significava, que baptizei o meu cão. Adorava o som que saia da boca do actor, a forma como ele o dizia, o exuberante personagem verde de chapéu amarelo em que ele se transformava, a dança que fazia com aquelas coisas barulhentas na mão. Tchi-tchi-kibum, tchi-tchi-kibum, tchi-tchi-kibum!
Certa vez, ao som dessa música do filme dancei com o meu cão. É verdade. Pus o som alto, sai para a varanda de casa dos meus pais, levantei-lhe as patas da frente que apoiei nos meus ombros e dancei com ele. Muitas vezes revejo aquela cena, aquele focinho negro espantado e os olhos brilhantes de quem adora uma boa brincadeira. E a minha mãe a dizer :”Deixa o cão em paz, que o pões doido! Aí que maluca és valha-me Deus!”.
Agora aqueles lindos olhos, castanhos, brilhantes, esses olhos estão enevoados. As cataratas instalaram-se e talvez tenha chegado a hora de os deixar partir. Cada vez que olho para ele, para o olhar perdido, o andar meio trôpego, é isso que penso:”Chegou ou não a hora de te deixar partir, cão? Tens de me dizer… Não quero que sofras, não quero prolongar-te o sofrimento por ignorância ou egoísmo.” E vou dizendo para mim a palavra “eutanásia”, “eutanásia”, a ver se me habituo a ela. A ver se o hábito diminui a dor.
O meu cão tinha um olhar feliz. Eu sei. Já vi animais maltratados, aterrorizados, angustiados, encolhidos com medo duma mão que se estende para dar uma festa. O meu cão nunca se encolheu com uma mão estendida. É um animal confiante. Sabe que atrás da mão vem uma festa, uma escovadela no pêlo longo, uma carícia no focinho, uma palmada no peito, uma coçadela debaixo das orelhas mesmo como ele gosta.
O meu cão sabe. E é por isso que me custa ser agora eu a mão dos remédios, das injecções. Mesmo assim hoje apoiou a pata em cima da minha perna, só para me tocar e ficou quietinho enquanto lhe injectava a cortisona.
Hoje parece-me que os 11 anos com ele passaram demasiado rápido, que precisávamos de um bocadinho mais de tempo. Tempo para as corridas, para o salto ao eixo. Essa era a brincadeira preferida dele, passar por baixo das minhas pernas, fintar-me, ladrar a desafiar-me; o focinho quase colado ao chão, patas traseiras esticadas, o corpo posicionado como a rampa de lançamento de um foguetão.
Não era fácil pular por cima de 45kg de cão, mas eu nunca resistia à brincadeira e ele sabia. Difícil era convencê-lo a deixar-me trocar a roupa do trabalho pelo fato de treino. Ficava a chorar à porta, a reclamar até eu voltar para a nossa festa. Parecia que ele achava que aquele tempo em que eu desaparecia para trocar de fato, aquele tempo era precioso demais para nós. Era menos tempo de brincadeira, menos tempo com ele.
O meu cão envelheceu de repente. Um pouco à bruta, desajeitadamente, como quando entrava na sala e encalhava na mobília, confrontou-me com a verdade. Um dia sei que vou ter de o deixar partir. Sei também que esse dia se aproxima. E eu não queria, e apetece-me fazer como os putos mimados no supermercado: atirar-me para o chão, berrar, estrebuchar e dizer que não quero. Ouviste Pai?... Não quero!... E podia ser que com uma birra bem grande me deixassem ficar com o meu amigo, com o meu cão… Podia ser que as horas parassem e os dias não passassem e eu pudesse ficar com ele só mais um bocadinho, só o suficiente para mais uma dança de brincadeira, uma dança que durasse a eternidade…
Escrito a 06-07-2006
Táctica y Estrategia
No meio das pesquisas de Marketing apareceu-me este poema que capturou o meu coração, e por isso resolvi partilhá-lo.
Se um dia quiserem pedir uma mulher em casamento e não souberem como, dêem-lhe este poema, ela vai perceber. Se não perceber é porque não vale a pena casarem com ela...
Mi táctica es mirarte
aprender como sos
quererte como sos
mi táctica es hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible
mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé como, ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos.
Mi táctica es ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos simulacros
para que entre los dos no hayan telón
ni abismos.
Mi estrategia es en cambio más profunda y más simple,
mi estrategia es;
que un día cualquiera
ni sé cómo, ni sé
con que pretexto por fin me necesites.
Táctica e estratégia
A minha tática é
olhar-te
aprender como tu és
querer-te como tu és
A minha táctica é
falar-te
e escutar-te
construir com palavras
uma ponte indestrutível
A minha tática é
ficar na tua lembrança
não sei como, nem sei
com que pretexto,
porém ficar em ti.
A minha táctica é
ser verdadeiro
e saber que tu és verdadeira
e que não nos vendemos
simulados
para que entre os dois
não haja cortinas
nem abismos
A minha estratégia é
por outro lado
mais profunda e mais
simples
A minha estratégia é
que um dia qualquer
não sei como, nem sei
com que pretexto
por fim tenhas necessidade de mim.
Mario Benedetti
Tradução CMar (aceitam-se sugestões de melhoria ;-))
Se um dia quiserem pedir uma mulher em casamento e não souberem como, dêem-lhe este poema, ela vai perceber. Se não perceber é porque não vale a pena casarem com ela...
Mi táctica es mirarte
aprender como sos
quererte como sos
mi táctica es hablarte
y escucharte
construir con palabras
un puente indestructible
mi táctica es
quedarme en tu recuerdo
no sé como, ni sé
con qué pretexto
pero quedarme en vos.
Mi táctica es ser franco
y saber que sos franca
y que no nos vendamos simulacros
para que entre los dos no hayan telón
ni abismos.
Mi estrategia es en cambio más profunda y más simple,
mi estrategia es;
que un día cualquiera
ni sé cómo, ni sé
con que pretexto por fin me necesites.
Táctica e estratégia
A minha tática é
olhar-te
aprender como tu és
querer-te como tu és
A minha táctica é
falar-te
e escutar-te
construir com palavras
uma ponte indestrutível
A minha tática é
ficar na tua lembrança
não sei como, nem sei
com que pretexto,
porém ficar em ti.
A minha táctica é
ser verdadeiro
e saber que tu és verdadeira
e que não nos vendemos
simulados
para que entre os dois
não haja cortinas
nem abismos
A minha estratégia é
por outro lado
mais profunda e mais
simples
A minha estratégia é
que um dia qualquer
não sei como, nem sei
com que pretexto
por fim tenhas necessidade de mim.
Mario Benedetti
Tradução CMar (aceitam-se sugestões de melhoria ;-))
Subscrever:
Mensagens (Atom)