Um dia hei-de escrever sobre ti.
Tu foste depois da meia-noite. Talvez seja hoje... já é depois da meia-noite.
Tu foste uma lufada de ar fresco, tão fresco como os teus olhos azuis claros, rasgados, tão castiço como o teu sotaque carregado de "r's" numa língua que não era a tua. Tu tão decidido quando me agarraste e eu tão determinada a não me deixar agarrar.
O que me lembro daquela noite és Tu. A maneira como olhavas dentro dos meus olhos, como se te pudesses perder e como me deixei afogar nos dois lagos que eram os teus. Tu a explicares-me porque tinhas demorado - fazias questão de me explicar, disseste - e eu derretida, perdida no teu olhar, no teu sorriso, no contorno do teu queixo e no final a ouvir apenas: "Blá, blá, blá... whiskas, saquetas..."
E na praia, céu estrelado, tu a entrares na água e a dizer: "Come". e a eu a pensar naquela música dos Nirvana: "Come as you are, as you were, as I want you to be..." E fui, fui como estava, vestida e tudo. Tu a puxares-me para ti, e foi quando percebi como eras alto. A tua boca no meu pescoço, as tuas mãos nas minhas costas, a maneira como as colaste nas minhas ancas, a tua boca na minha, o teu morder suave. Os beijos trocados, misturados com água salgada, morna, eu encostada ao teu peito.
Tu... a respirares fundo quando te disse não. Eu a não respirar, depois de te ter dito não. E os três beijos que me deste quando nos despedirmos naquela avenida deserta. Três, porque um pareceu pouco e dois não foram suficientes... Tudo gravado na minha memória e na tua também. Há coisas que faço, penso e digo, porque te conheci. Agora fazes parte de mim e eu parte de ti.
E faz sentido que seja hoje que escrevo sobre ti... Faz sentido que seja hoje...
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