O sangue que me corre nas veias é algarvio. Não é azul, mas tem cheiro a mar. É sangue mouro com uma veia oriental.
É o sangue dos que sulcaram o oceano com destino ao desconhecido.
Será que tinham medo? Tinham concerteza, mas superavam-no.
Será que passavam dificuldades? Sim, concerteza que passavam, mas venciam-nas.
O meu sangue, é o sangue dos que partiram em cascas de noz pelo mar afora. É o sangue dos que antes deles defendiam a sua terra e sobreviveram às cruzadas. O meu sangue é árabe, mas também é judeu. É o sangue dos que sobreviveram à diáspora, é o sangue dos que não morreram às mãos da inquisição, é o sangue das feiticeiras que não morreram na fogueira mesmo depois de ficarem em cinzas. O meu sangue tem séculos de história e muitas histórias de sobrevivência.
Talvez por isso se diga que as mulheres da minha família não são de ferro, são de aço. Foram elas que me ensinaram a manter o queixo erguido e a ser forte. No Domingo, a propósito de coisa de nenhuma ouvi da minha mãe :" Quando a vida nos deita ao chão, o que temos a fazer a seguir, é levantar-nos."
E é isso que eu faço sempre. Cair é normal. Há-de acontecer várias vezes ao longo da nossa vida, pelas mais diversas razões. Mas ninguém me impede de levantar, ninguém me faz ficar no chão. Não tenho e recuso-me a ter perfil de vitima. Ninguém escolhe a minha vida por mim, sou eu que escolho.
Se tenho uma personalidade forte? Tenho.
Se não me deixo esmagar pelas adversidades? Não, não deixo.
Se sou um osso duro de roer. Sim, sou.
Se sou uma lutadora? Sou.
E sou também paciente, persistente e prudente.
Há uma coisa chamada coluna vertebral, que toda a gente devia ter. E há também uma coisa chamada dignidade que ninguém devia perder, principalmente uma mulher.
By CMar 08-09-2010
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