Não porque hoje é sexta, mas porque há dias em que a poesia se encaixa na perfeição, como uma luva em mão de senhora.
Ontem, pela segunda vez em 15 dias fui ao velório do pai de um amigo. Não é um assunto do qual goste de falar, mas que pelo contrário me faz querer ficar quieta no meu canto, calada, em comunhão comigo mesma.
Não gosto de partilhar dores, prefiro partilhar alegrias. A morte, é a última fronteira, a única coisa contra a qual a vontade não prevalece, e nada podemos fazer. Tudo o resto é ultrapassável.
Por isso mesmo, é preciso encarar as experiências que a vida nos oferece como processos de aprendizagem. É importante não guardar raiva, rancor ou ressentimento, não perder tempo com sentimentos que nos fazem mal e encarar com muito humor e Amor a nossa vida.
É preciso sobretudo não ter medo de confiar e dar oportunidade a pessoas novas de fazerem parte da vida que tanto amamos.
Se algo acontece que nos faz deixar o caminho que estamos a seguir, é porque não era esse o nosso destino.
E depois, é preciso recomeçar, com coragem e segurança, sem medo do desconhecido. É preciso manter a capacidade de sonhar.
E, a capacidade de sonhar não se perde quando ela depende apenas de nós mesmos.
Por isso mesmo, é esta a poesia de hoje.
Sísifo
Recomeça....
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.
E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...
Miguel Torga
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