Era assim que acordava, a tentar tocar-lhe. Ainda antes de abrir os olhos, esticava o braço e abria a mão…
Sabia que o encaixe iria ser perfeito, que a mão era como uma luva que assentava naquele peito.
Os dedos arqueavam-se, adaptavam-se, envolviam aquele seio. Conhecia-lhe o desenho, aquela curva que se iniciava logo acima das costelas e adivinhava o resto. Mas sempre que abria os olhos… a mão estava vazia…
Sonhava com ela todos os dias. O que o despertava era aquele jogo de limites com os quais brincavam, limites que por vezes andavam perigosamente perto, mas nunca se tocavam, num jogo consentido em que se aproximavam para depois se afastarem.
Ele gosta de a desinquietar e provocar. Não sabe porque lhe apetece tanto transtorná-la, não sabe o que vê nela, sabe apenas que ela o leva a lugares que já conheceu e onde sempre sonhou voltar.
Às vezes rouba-a dos sonhos dela e leva-a para os seus, e é nessa altura que a mão se abre, para lhe tocar.